Protestos? Liga dos Bombeiros diz que ainda não tem garantias de mais financiamento

A Liga dos Bombeiros Portugueses diz que ainda não há garantias de mais financiamento no próximo ano. Com o congresso à porta e mesmo depois de se reunir com o Governo, António Nunes afirma que os problemas das corporações ainda não têm resposta à vista.

Gonçalo Costa Martins - Antena 1 /
António Antunes - RTP

Há um mês, António Nunes avisou que iam esperar um mês, até à realização do congresso deste fim-de-semana, para ter "um sinal claro de que há uma vontade de se alterar tudo isto", referindo-se a várias questões entre elas o aumento "insuficiente" de verbas no Orçamento do Estado de 2026.

"Se até ao dia 15 e 16 o congresso não receber um sinal claro de que há uma vontade de se alterar tudo isto, ou seja, que nós não tínhamos capacidade para fazer reuniões com resultados inequívocos e claros, o congresso pode, em moção, determinar um conjunto de ações significativas para que a população possa ter consciência da insuficiência que os seus bombeiros vão tendo, que pode culminar com a paragem dos corpos de bombeiros durante um período de tempo", avisou no último mês o presidente António Nunes da Liga.

Questionado esta sexta-feira pela Antena 1 se receberam sinais claros da parte do Governo, foi perentório: "Não, não houve". 

Após reunirem com o Governo, incluindo duas com o primeiro-ministro, "continuamos ainda com as dificuldades que estavam anteriormente identificadas", afirma.
"Há um subfinanciamento crónico, mas ele só se altera no momento em que nós conseguirmos ter contratos-programa", aponta António Nunes.

Com a presença de Luís Montenegro na abertura do congresso este sábado, em Alcobaça, e de mais membros do Governo no evento, vão ser apresentadas várias moções, algumas com posições mais duras que demonstram descontentamento.

Há moções "com iniciativas progressivas que começam por ser simbólicas mas avançando com maior dureza nas nossas posições públicas".
Entre os presentes na reunião do último mês do conselho nacional, António Nunes respondia que o "sentimento é de paragem", sendo que "a paragem é uma paragem total", mas agora fala apenas de paragens temporárias.

"Quando se falam em paragens, falam-se paragens de 10 minutos, 15 minutos", explica, "porque somos incapazes, até pelo nosso próprio nome humanitário, de perante alguém que nos pede ajuda não o fazer".

António Nunes diz que "é impossível", que são incapazes de parar o socorro, referindo que "não temos essa capacidade de poder parar o país e durante um dia não haver socorro em Portugal".

O Orçamento de Estado para 2026 prevê 37 milhões de euros para o financiamento das corporações de bombeiros voluntários, mais 2,2 milhões de euros do que este ano. Este aumento é considerado insuficiente pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), que pretendia chegar aos 49,38 milhões de euros.

Além desta questão, António Nunes fala de um descontentamento generalizado por não haver uma carreira e um índice remuneratório no setor, criticando cortes no transporte de doentes e defendendo a criação de um estatuto social para os bombeiros das associações humanitárias.

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